Património histórico

O património histórico de Setúbal é rico e variado, com uma essência preservada onde é espelhada a identidade de uma região.

Com a Arrábida e o oceano no horizonte, Setúbal está situado num local de reflexão mística e de defesa do território, de exercício simultâneo da espiritualidade e de afirmação do poder militar, entre a península, as baías e as serras. 

A presença humana foi povoando a paisagem com capelas, igrejas, ermidas, conventos, santuários, castelos e fortificações. Um testemunho da história onde viveram diferentes lendas e cultos, diferentes estratégias militares, assim como hábitos e costumes que continuam preservados até hoje.

Convento de Jesus – Museu de Setúbal

O Convento e a Igreja de Jesus constituem verdadeiros marcos na história arquitetónica portuguesa, assinalando o início do estilo manuelino. Aqui sobressaem as colecções de pintura, principalmente a dos séculos XVI, escultura sacra, ourivesaria, azulejaria e outras artes decorativas. 

O Museu de Setúbal funciona no Convento de Jesus desde 1961. À coleção do Museu de Setúbal/Convento de Jesus pertencem os principais tesouros artísticos da cidade. Entre eles incluem-se os 14 painéis do Retábulo da Igreja de Jesus, conhecidos por “Primitivos de Setúbal” e em exposição na Galeria Municipal do Banco de Portugal. A Igreja de Jesus, assim como o claustro e a Casa do Capítulo do Convento, estão classificados como monumentos nacionais desde 1910 e 1933.

A imponente construção militar conhecida por forte, fortaleza ou castelo de São Filipe é o resultado das ordens do monarca espanhol Filipe II sobre a fortificação da linha de costa que protege Setúbal e a foz do rio Sado. Atribuída durante largos anos a Filipe Terzi, sabe-se atualmente que foi desenhada pelo Capitão Fratino em 1583, sendo composta de uma planta irregular poligonal, em estrela de seis pontas, com seis baluartes, e em acentuado declive sobre o mar. 

Durante o séc. XVII conhecem-se vários casos de desembarque e pilhagem em Sesimbra protagonizados por piratas. A edificação de uma linha de fortalezas costeiras, que pudessem defender os burgos contra as investidas de corsários marroquinos e de forças espanholas, se tornou no século XVII inadiável.

Forte de S. Filipe

Casa do Corpo Santo – Museu do Barroco

A Casa do Corpo Santo foi erguida em 1714 junto de um troço da muralha trecentista de Setúbal, que constitui a parede nascente do edifício. A designação provém do nome do santo protetor da Confraria dos Navegantes da cidade, que aí esteve instalada durante séculos. O patrono era São Pedro Gonçalves (ou González) Telmo, protetor dos náufragos, frade dominicano, nascido em Castela no século XII e beatificado no século XIII, conhecido por Corpo Santo.

A casa tem diversos conjuntos de azulejos barrocos da autoria do mestre P.M.P., sendo ainda de destacar os tetos com pinturas setecentistas e a talha dourada da capela, em estilo nacional. Atualmente, acolhe o Museu do Barroco, um dos núcleos do Museu de Setúbal/Convento de Jesus.

Este é um espaço museológico municipal, ao qual se atribui o local de nascimento de Manuel Maria Barbosa du Bocage, em 1765. Pode visitar a exposição de longa duração “Bocage – Polémico. Discutido. Genial”, que percorre a cronologia bocagiana, começando na família do poeta e terminando na forma como foi visto e interpretado após a morte, em 1805, aos 40 anos de idade.

No equipamento cultural funciona o Centro de Documentação e o Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro, serviços que conservam parte significativa da história moderna do concelho de Setúbal. Desde a conclusão do projeto de requalificação que beneficiou em 2016, a Casa Bocage ostenta no pátio exterior um painel azulejar oferecido pela Galeria Ratton e criado pelo artista plástico Andreas Stöcklein no âmbito de uma intervenção artística no Túnel do Quebedo, concretizada também naquele ano.

Casa Bocage

Quartel Municipal do 11

O antigo Quartel do Regimento da Infantaria 11 foi edifício adquirido pela Câmara Municipal ao Turismo de Portugal. Desde 2013, após obras de requalificação do imóvel, integra, juntamente com o espaço expositivo, a Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal.

As obras de requalificação do Quartel do 11 incluíram a preservação de vários elementos que integravam as instalações da antiga bataria militar, como fachadas e arcadas. O projeto contemplou, ainda, a recuperação de algumas estruturas do Baluarte da Conceição, construído em 1692, durante o reinado de D. Pedro II, equipamento que integrava a antiga muralha defensiva de Setúbal.

Convento da Arrábida

Relacionado com a Lenda de Hildebrando e com romarias e/ou círios dedicados à Sr.ª da Arrábida (anteriores à sua própria fundação), o Convento da Arrábida constitui-se como um caso paradigmático de edifício de paisagem. Nos seus 25 hectares, o conjunto do convento da Arrábida abrange o Convento Velho na parte mais alta da serra, com algumas celas precárias escavadas na rocha junto à ermida da Memória, onde viveram não apenas os primeiros monges como também o último, o leigo frei José de Nossa Senhora, encontrado morto na ermida de Santa Catarina em 11 de Novembro de 1870; as guaritas ou capelas da Paixão de Cristo, edificadas na crista do monte; o Convento Novo, ou Conventinho, localizado a meia encosta, que integra a igreja, seis capelas, 27 celas, cozinha, refeitório, livraria, torre do relógio, casa de lavagem e vários fontanários; o jardim e santuário do Bom Jesus; e, em instalações autónomas, os aposentos dos duques de Aveiro e as antigas casas para alojamento dos peregrinos, hoje adaptadas a estabelecimento hoteleiro. O convento foi fundado em 1542 por Frei Martinho de Santa Maria, franciscano castelhano a quem D. João de Lencastre (1501-1571), primeiro duque de Aveiro, cedeu as terras da encosta da serra.

Anterior à construção, existia onde é hoje o Convento Velho, a Ermida da Memória, local de grandes romarias, junto da qual, durante dois anos, viveram, em celas escavadas nas rochas, os primeiros quatro frades arrábidos: Martinho de Santa Maria, Diogo de Lisboa, Francisco Pedraita e São Pedro de Alcântara. D. Jorge de Lencastre, filho do 1º duque de Aveiro, continuou as obras mandando construir uma cerca para vedar a área do convento. Mais tarde, seu primo D. Álvaro, mandou edificar a hospedaria que lhe servia de alojamento e projetou as guaritas, na crista do monte, que ligam o convento ao sopé da montanha, deixando, no entanto, três por acabar. Por sua vez, D. Ana Manique de Lara, nora de D. Álvaro, mandou construir duas capelas, enquanto o filho de D. Álvaro, D. António de Lencastre, mandou edificar, em 1650, o Santuário do Bom Jesus. Em 1863, a Casa de Palmela adquiriu o convento, mas as obras só começaram nas décadas de 40 e 50 do século seguinte. Quarenta anos depois, em 1990, o seu então proprietário, Manuel de Souza Holstein Beck, vendeu o convento e a área envolvente à Fundação Oriente.